O que mais ouvimos na atualidade é que as pessoas estão individualistas, que não há mais solidariedade, que acabou o amor entre as pessoas e que o ser humano só se preocupa com o seu próprio umbigo. Essa história não é bem assim, existem sim, muitas pessoas egocêntricas, mas ainda é possível encontrar pessoas que se disponibilizam a auxiliar o próximo.
Passei por uma experiência há um mês atrás, que me fez repensar nos valores humanos e devido a isso, escrevo esta crônica em homenagem ao personagem principal dessa experiência, o Anjo Negro. Dei-lhe este nome, porque na ocasião não tive oportunidade de perguntar seu nome. A história sucedeu assim:
"Era uma manhã ensolarada de um domingo em Goiânia, saí de casa com uma amiga para levá-la ao ponto de ônibus, que fica na Avenida Goiás, no centro da cidade. Naquele dia não estava me sentindo muito bem, sentia uma leve dor de cabeça e uma fraqueza no corpo, mas imaginei que não havia problema em acompanhá-la, por ser à distância da minha casa ao ponto, pequena. Imaginei errado.
No caminho, com o sol batendo muito forte em minha cabeça, comecei a sentir uma tontura não muito forte, então, teimei e fui até ao ponto. Chegando lá, coloquei no chão, as sacolas que estava carregando e ao levantar a cabeça, vi tudo rodar. Comuniquei a minha amiga o meu estado e no mesmo instante procurei um suporte para me encostar, porque minhas pernas já não suportavam mais o meu corpo.
Já desfalecendo, ouvi algumas vozes - que pareciam distantes – perguntarem o que se passava comigo e identifiquei a voz da minha amiga dizendo para eu reagir. Em meio aquela situação, senti alguém pegar meu braço esquerdo e colocá-lo em seu pescoço e me carregar até a um banco que fica na ilha da Avenida Goiás. Lá, com a ajuda da minha amiga – que estava em choque, segundo ela, pensando que eu estava morrendo – ligou para meu pai, informando o que se passava comigo.
Enquanto meu pai não chegava, o rapaz nos fez companhia, providenciou água, procurou acalmar minha amiga e ao mesmo tempo me reanimar, pois minha pressão havia caído ao ponto deu desmaiar. Aos poucos fui melhorando, tomei a água, meus sentidos foram voltando e pude enfim agradecer-lhe tudo que havia feito por mim. Meu pai então chegou e ficou imensamente agradecido ao rapaz pela atenção destinada. Minha amiga já tranqüilizada ficou no ponto para ir embora e o Anjo Negro também. Eu fui para casa acompanhada por meu pai."
No caminho, enquanto relatava ao meu pai o que havia acontecido, lembrei-me que não perguntei ao rapaz seu nome, foi então, que o nomeei Anjo Negro. Aparentemente ele devia ter uns vinte e dois anos, era bem moreno, tinha os cabelos cortado bem baixinho, era forte e estava com uma mochila nas costas.
Independente de quem seja, mais uma vez o agradeço pelo auxílio prestado e lhe presto esta homenagem em forma de crônica, em reconhecimento de sua boa ação e solidariedade. Pois, não era necessário ele ter feito tudo o que fez, uma vez, que eu era e sou uma estranha para ele, mas, não sei os motivos que o fez dispor a me ajudar, mas tenho certeza que ele foi enviado por Deus. São nestes pequenos gestos, que podemos ver que ainda existem seres humanos que se preocupam e se dispõem a ajudar ao próximo. Ascendendo em nós a esperança de que o mundo, talvez, ainda tenha salvação.
Por Cláudia Belo
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