segunda-feira, 14 de maio de 2007

Discussões sobre o jornalismo


As discussões acerca da profissão do Jornalista estão muito presentes no cotidiano do estudante desta área. Dias atrás, Goiânia foi sede do 10º Encontro Nacional de Professores de Jornalismo com a finalidade de discutir os 60 anos de ensino de jornalismo no Brasil e suas implicações sociais, profissionais e institucionais. No site do professor Altair Tavares (http://www.altair.pro.br/) foi disponibilizado um texto contendo uma visão norte-americana com nove princípios básicos do jornalismo.

Neste texto as abordagens dos princípios do jornalismo e seus novos pontos primordiais se restringem a características importantes que a profissão exige, porém considerá-las, apenas, como princípios básicos é insuficiente. Após análise feita por pesquisas de opinião e estudos, o site (http://www.journalism.org/resources/principles) em síntese afirmou que o “Princípio do Jornalismo” seria em suma determinado em nove pontos primordiais, (dentre os quais):

“1. A primeira obrigação do Jornalismo é à verdade

O Jornalismo não persegue a verdade em um sentido absoluto ou filosófico, mas pode e deve persegui-lo em um sentido prático. Processo que começa com a disciplina profissional de montar e de verificar fatos. Os Jornalistas devem ser tão transparentes como possível sobre fontes e métodos de modo que as audiências podem fazer sua própria avaliação da informação.


2. Sua primeira lealdade é aos cidadãos

Os jornalistas devem manter fidelidade aos cidadãos e ao interesse público acima de qualquer outro [que] se pretendem fornecer a notícia sem pautarem-se no medo ou no favor. Este compromisso com os cidadãos é primeiramente a base da credibilidade de uma organização da notícia. O compromisso com os cidadãos significa também que o jornalismo deve apresentar um retrato representativo de todos os grupos constituem a sociedade.


3. Sua essência é uma disciplina da verificação

Os Jornalistas confiam em uma disciplina profissional para verificar a informação. O método é objetivo, não jornalístico. Procurando testemunhas múltiplas, divulgando tanto quanto possível sobre fontes, ou pedindo vários lados para o comentário, todos sinalizam tais padrões. Esta disciplina da verificação é o que separa o jornalismo de outras modalidades de uma comunicação, tais como a propaganda, a ficção ou o entretenimento.


4. Seus praticantes devem manter uma independência daqueles que eles cobrem

A independência é uma exigência subjacente do jornalismo, um princípio de sua confiabilidade. A independência do espírito e da mente, mais que a neutralidade, são os jornalistas que a princípio devem manter-se no foco. Mesmo que os editores e os comentadores não sejam neutros, a fonte de sua credibilidade está na exatidão, certeza intelectual e habilidade informar - não na sua devoção a algum grupo ou resultado. Em nossa independência, entretanto, nós devemos evitar toda a tendência vaguear na arrogância, no elitismo, na isolação ou no niilismo.


5. Deve servir como um monitor independente do poder

O Jornalismo tem uma capacidade incomum de servir como cão de guarda àqueles cujos poder e a posição afetam mais cidadãos. Como jornalistas, nós temos uma obrigação proteger esta liberdade do cão de guarda, não humilhando no uso frívolo do poder ou não explorando a para o ganho comercial.


6. Deve fornecer espaço para a crítica e acordos públicos

Os meios de notícia são os portadores comuns da discussão pública, e portadores desta responsabilidade podem gerar uma base para privilégios especiais. Também deve representar razoavelmente os pontos de vista e os interesses variados na sociedade


7. O Jornalismo deve contar histórias interessantes, significativas e relevantes - com uma finalidade

Para sua própria sobrevivência, no ato de relatar notícias, deve balançar os leitores, saber o que querem, mesmo não podendo antecipar, mas conhecer suas necessidades. A eficácia de uma parte de jornalismo é medida por quanto um trabalho acopla suas audiências e as incandesce. Isto significa que os jornalistas devem continuamente perguntar que informação tem a maioria de valor aos cidadãos e em que forma. ... um jornalismo oprimido pelo trivial e pelo significado falso que engendra uma sociedade trivial.


8. Deve manter a notícia detalhada e compreensiva

Manter a notícia na proporção e não deixar coisas importantes para fora são também pontos fundamentais da verdade e confiabilidade. Inflando eventos para gerar sensações, negligenciando outros, estereotipando ou sendo desproporcionalmente negativo.


9. Seus praticantes devem se permitir exercitar sua consciência pessoal

Cada jornalista deve ter um sentido pessoal das éticas e da responsabilidade, um compasso moral. Cada um de nós deve ser disposto e justo. As organizações da notícia fazem bem em nutrirem esta independência incentivando indivíduos a falar o que se passa em suas mentes. Isto estimula a diversidade intelectual necessária para compreender e cobrir exatamente uma sociedade cada vez mais diversa. É esta diversidade das mentes e das vozes, não somente números, que importa.”



Após os estudos em sala de aula a respeito da história do jornalismo, da imprensa e pontos de vistas de professores e profissionais da área de comunicação, essa descrição não é completa para a nossa realidade. Até mesmo porque estamos no Brasil, e o jornalismo daqui agregou conceitos do jornalismo norte-americano, europeu e ainda do latino-americano e resultou na prática executada aqui.

Evidente que o jornalista deve ser imparcial, que seu compromisso com a verdade é um principio básico para que o próprio dono da matéria tenha credibilidade no mercado e para que suas notícias tenham peso na sociedade. A checagem das fontes é outro ponto que deve ocorrer sempre, mesmo porque isso é uma maneira de verificar com mais ênfase a veracidade do fato. Ou seja, um ponto complementa o outro. A prática do jornalismo não é única em todos os casos, porém contem rotinas vitais para a construção de um bom texto.

O jornalismo brasileiro contém certas particularidades, devido ser praticado por profissionais de diferentes áreas, que não são jornalistas; e principalmente agora isso é contestado de forma mais enérgica, e tem-se exigido a sua prática por profissionais formados em jornalismo, o que não ocorre de fato em Goiânia, mas vê-se um esforço local e nacional para mudar esse cenário. Entre as discussões lançadas pelo Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ), estava a questão do estágio em Jornalismo. É uma questão clássica de debates que envolvem o jornalismo/jornalista. E que deve ser revista para não ser prejudicial nem para os estagiários, nem tão pouco o veículo em que trabalharão e nem para ao cliente final, o consumidor da notícia – o cidadão.

Alguns diriam que qualquer pessoa pode ser jornalista? Óbvio que não. O jornalista é aquele que está dentro dos locais exatos, na hora exata e que diferentemente de outro cidadão tem licença para isso. Um cidadão comum que não trabalha no cenário político, por exemplo, não está habilitado para checar as situações que se passa ali, e nem tem contato direto com a assessoria ou fontes oficiais. Mas um jornalista profissional tem esse privilégio.

Ainda existem as questões éticas. A ética é algo intrínseco do jornalista. Deve estar nele, na mesma proporção que as palavras surgem e são expressas pela ponta do lápis no papel em que ele escreve, não é fator a se desvencilhar das ações do cotidiano. A ética deve ser fator de responsabilidade e diferencial daquele que é um representante da sociedade em diferentes locais.

Suas práticas não podem ser resumidas em nove itens. O jornalista deve ser imparcial, verdadeiro, representar a sociedade de maneira devida, e não é em vão, que a imprensa é considerada o 4° Poder. Por isso, a prática do jornalismo deve ser sempre revista, discutida a fim de torná-lo cada vez mais excelente. E que sirva para usufruto de toda sociedade, sem tendenciosidade, preconceitos ou parcialidades.


Por Lara Vieira - Estudante do 3° Período de Jornalismo
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